quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Tentar.

Ela era uma garota incrível. Mas não sabia disso.
Ela tinha um coração enorme. Mas não sabia disso.

Abriu a mochila e nela colocou duas camisetas, uma calça jeans e um casaco. Alguns pacotes de biscoito para matar a fome. Todas as suas economias para caso de emergência. Havia se decidido depois de muito pensar e refletir. Havia se decidido e agora uma coragem tomava conta de sí, era como uma corrente elétrica passando por suas veias. Colocou a mochila nos ombros, abriu a janela e pulou. Começou a andar rapidamente, antes que sua coragem fosse desaparecendo e o medo e estrangulasse. Sabia que se olhasse para trás não seguiria em frente e fazia o máximo para não olhar. Não havia se despedido de ninguém. Somente uma carta e alguns agradecimentos. Nada mais. Nem um "Eu te amo.". Quanto menos sentimental melhor. A essa altura já alcançava a esquina de sua rua. Não conseguiu se deter e olhou para trás. Suspirou e voltou a caminhar. Voltou a caminhar, para o lugar de onde tentara fugir. Não conseguia, não tinha coragem. Teve medo. E então, voltou.
Não poderia deixar sua casa, seus pais, amigos e ele.
Era ele que a mentinha naquele lugar, era ele quem lhe dava base, que tornava-a estável.
E sem ele, nada tinha sentido.
Pelo menos, naqueles tempos.

2 comentários:

  1. "Não poderia deixar sua casa, seus pais, amigos e ele." Amei! :) Gostei muito desse trecho. Deixar a familia para trás é algo dificil. Por isso jamais deixarei a minha, acho que é como um pedaço de mim.
    Adorei seu blog!
    Beijos

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  2. Talvez ela um dia fuja.
    Ou não.
    O fato é que talvez ela seja tão instável que nem saiba o que manterá em casa amanhã, além dele, claro.

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