quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Ele realmente, queria mudar?

Sentado no banco da rodoviária. Cabeça baixa, olhos inxados, coração apertado.
Havia tomado a decisão naquela madrugada e nada, nem ninguém poderia mudá-la.
Sabia que aquela decisão seria a melhor para todos, seria a mais sensata, evitaria eventuais sofrimentos.
Lembrou-se daquele olhar, daquele pedido... do último beijo.
Por mais que tentasse, por mais que quisesse, ele nunca pararia. Aquela era uma parte dele, uma forma de fugir de seus medos, de ser ele mesmo sem se preocupar com a opinião alheia.
Um suspiro. Ergueu sua cabeça.
Havia decepcionado milhares de pessoas; família, amigos... ela.
Ela. Era por ela, que ele mais sofria.
Sofria pois se lembrava daqueles olhos, da dor estampada neles, da decepção causada por ele.

-Trevor.

Olhou ao redor. Não via ninguém.
Não havia ninguém.

Procurou sua mochila e mexeu, procurou, tateou e encontrou.
Pegou um fósforo e acendeu.
Levou o cigarro aos lábios e fechou os olhos.

-Eu não sou bom o bastante para você. Garotas como você merecem garotos ricos, inteligêntes... corajosos.
-Eu sei que você é corajoso Trevor.
-Não, não sou. Por isso vou embora. Vou sumir e deixar você ser feliz.
-Eu não posso ser feliz sem você. Eu estou aqui, estou do seu lado. Nada e nem ninguém vai poder nos separar.

Mas ela estava enganada.
Algo podia separá-los.

-Eu não sou tão forte como você imagina Ivy. Eu não vou parar. Eu simplismente não posso parar. Se eu parar, mais cedo ou mais tarde, eu irei embora de qualquer forma. Eu tentei, eu tentei... tentei por você. Mas fui fraco demais para conseguir.


Abriu os olhos. As lágrimas caiam. O coração doia.
Mas algo aliviava sua dor.
Algo sempre aliviava a sua dor. Não para sempre, mas por alguns minutos.
Minutos que futuramente, se transformavam em fonte de arrependimentos.
Sua Ivy.
Ele havia perdido, havia trocado sua Ivy por aquilo.
Ele queria mudar.
Mas a questão era, ele realmente, realmente, com todas as suas forças, queria mesmo mudar?

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